Comentário deixado no blog ilustra extraordinariamente o próximo passo.
Deixo aqui o comentário de Jean Carlo Ianoski, espetacular por sinal. Ele entende e expressa perfeitamente que apenas alardear com tintas fortes a violência - e aqui essa metáfora cai como uma luva - não adianta.
Nossa intenção ao "pintar a violência" em toda sua extensão realmente foi chocar a população . E digo população pois dizer cidadãos seria exagero já que, infelizmente, apenas uma pequena parcela da população é composta de cidadãos.
E esperamos que desse choque venha uma reação que, gostaríamos, não seja a de procurar por cabeças a serem cortadas nem órgãos públicos a serem cobrados. A reação é individual, de cidadania, de atitude pessoal, de mudança.
Segue abaixo a íntegra do comentário de Jean Carlo, pelo qual agradecemos profundamente.
"Impressiona-me o crescente espaço destinado à violência nos meios de comunicação.
Catástrofes, tragédias e agressões, recorrentes como chuvaradas de verão, compõem uma pauta sombria e perturbadora.
A violência não é uma invenção da mídia. Mas sua espetacularização é um efeito colateral que deve ser evitado. Não se trata, por óbvio, de sonegar informação, mas é preciso contextualizá-la.
A overdose de violência na mídia pode gerar fatalismo e uma perigosa resignação.
Não há o que fazer, imaginam inúmeros leitores, ouvintes, telespectadores e internautas. Acabamos, todos, paralisados sob o impacto de uma violência que se afirma como algo irrefreável e invencível. E não é verdade.
Podemos, todos, jornalistas, formadores de opinião, estudantes, cidadãos enfim, dar pequenos passos rumo à cidadania e à paz.
Os que estamos do lado de cá, os profissionais da mídia, carregamos nossas idiossincrasias. Sobressai, entre elas, certa tendência ao catastrofismo. O rabo abana o cachorro.
O mote, freqüentemente usado para justificar o alarmismo de certas matérias, denota, no fundo, a nossa incapacidade para informar em tempos de normalidade.
Mas, mesmo em épocas de crise (e estamos vivendo uma gravíssima crise de segurança pública), é preciso não aumentar desnecessariamente a temperatura.
O jornalismo de qualidade reclama um especial cuidado no uso dos adjetivos.
Caso contrário, a crise real pode ser amplificada pelos megafones do sensacionalismo.
À gravidade da situação, inegável e evidente, acrescenta-se uma dose de espetáculo.
O resultado final é a potencialização da crise.
Alguns setores da mídia têm feito, de fato, uma opção preferencial pelo negativismo.
O problema não está no noticiário da violência, mas na miopia, na obsessão pelos aspectos sombrios da realidade. É cômodo e relativamente fácil provocar emoções. Informar com profundidade é outra conversa. Exige trabalho, competência e talento.
O que eu quero dizer é que a complexidade da violência não se combate com espetáculo, atitudes simplórias e reducionistas, mas com ações firmes das autoridades e, sobretudo, com mudanças de comportamento.
Como salientou o antropólogo Roberto da Matta, “se a discussão da onda de criminalidade que vivemos se reduzir à burrice de um cabo de guerra entre os bons, que reduzem tudo à educação e ao “social”; e aos maus, que enxergam a partir do mundo real: o mundo da dor e dos menores e maiores assassinos, e sabem que todo ato criminoso é também um caso de polícia, então estaremos fazendo como as aranhas do velho Machado de Assis, querendo acabar com a fraude eleitoral mudando a forma das urnas.”
O que critico não é a denúncia da violência, mas o culto ao noticiário violento em detrimento de uma análise mais séria e profunda.
Precisamos, ademais, valorizar editorialmente inúmeras iniciativas que tentam construir avenidas ou ruelas de paz nas cidades sem alma.
A bandeira a meio pau sinalizando a violência sem fim não pode ocultar o esforço de entidades, universidades e pessoas isoladas que, diariamente, se empenham na recuperação de valores fundamentais: o humanismo, o respeito à vida, a solidariedade.
São pautas magníficas. Embriões de grandes reportagens. Denunciar o avanço da violência e a falência do Estado no seu combate é um dever ético.
Mas não é menos ético iluminar a cena de ações construtivas, freqüentemente desconhecidas do grande público, que, sem alarde ou pirotecnias do marketing, colaboram, e muito, na construção da cidadania.
A violência está aí. E é brutal.
Mas também é preciso dar o outro lado: o lado do bem. Não devemos ocultar as trevas.
Mas temos o dever de mostrar as luzes que brilham no fim do túnel.
A boa notícia também é informação.
E, além disso, é uma resposta ética e editorial aos que pretendem fazer do jornalismo um refém da cultura da violência."
Catástrofes, tragédias e agressões, recorrentes como chuvaradas de verão, compõem uma pauta sombria e perturbadora.
A violência não é uma invenção da mídia. Mas sua espetacularização é um efeito colateral que deve ser evitado. Não se trata, por óbvio, de sonegar informação, mas é preciso contextualizá-la.
A overdose de violência na mídia pode gerar fatalismo e uma perigosa resignação.
Não há o que fazer, imaginam inúmeros leitores, ouvintes, telespectadores e internautas. Acabamos, todos, paralisados sob o impacto de uma violência que se afirma como algo irrefreável e invencível. E não é verdade.
Podemos, todos, jornalistas, formadores de opinião, estudantes, cidadãos enfim, dar pequenos passos rumo à cidadania e à paz.
Os que estamos do lado de cá, os profissionais da mídia, carregamos nossas idiossincrasias. Sobressai, entre elas, certa tendência ao catastrofismo. O rabo abana o cachorro.
O mote, freqüentemente usado para justificar o alarmismo de certas matérias, denota, no fundo, a nossa incapacidade para informar em tempos de normalidade.
Mas, mesmo em épocas de crise (e estamos vivendo uma gravíssima crise de segurança pública), é preciso não aumentar desnecessariamente a temperatura.
O jornalismo de qualidade reclama um especial cuidado no uso dos adjetivos.
Caso contrário, a crise real pode ser amplificada pelos megafones do sensacionalismo.
À gravidade da situação, inegável e evidente, acrescenta-se uma dose de espetáculo.
O resultado final é a potencialização da crise.
Alguns setores da mídia têm feito, de fato, uma opção preferencial pelo negativismo.
O problema não está no noticiário da violência, mas na miopia, na obsessão pelos aspectos sombrios da realidade. É cômodo e relativamente fácil provocar emoções. Informar com profundidade é outra conversa. Exige trabalho, competência e talento.
O que eu quero dizer é que a complexidade da violência não se combate com espetáculo, atitudes simplórias e reducionistas, mas com ações firmes das autoridades e, sobretudo, com mudanças de comportamento.
Como salientou o antropólogo Roberto da Matta, “se a discussão da onda de criminalidade que vivemos se reduzir à burrice de um cabo de guerra entre os bons, que reduzem tudo à educação e ao “social”; e aos maus, que enxergam a partir do mundo real: o mundo da dor e dos menores e maiores assassinos, e sabem que todo ato criminoso é também um caso de polícia, então estaremos fazendo como as aranhas do velho Machado de Assis, querendo acabar com a fraude eleitoral mudando a forma das urnas.”
O que critico não é a denúncia da violência, mas o culto ao noticiário violento em detrimento de uma análise mais séria e profunda.
Precisamos, ademais, valorizar editorialmente inúmeras iniciativas que tentam construir avenidas ou ruelas de paz nas cidades sem alma.
A bandeira a meio pau sinalizando a violência sem fim não pode ocultar o esforço de entidades, universidades e pessoas isoladas que, diariamente, se empenham na recuperação de valores fundamentais: o humanismo, o respeito à vida, a solidariedade.
São pautas magníficas. Embriões de grandes reportagens. Denunciar o avanço da violência e a falência do Estado no seu combate é um dever ético.
Mas não é menos ético iluminar a cena de ações construtivas, freqüentemente desconhecidas do grande público, que, sem alarde ou pirotecnias do marketing, colaboram, e muito, na construção da cidadania.
A violência está aí. E é brutal.
Mas também é preciso dar o outro lado: o lado do bem. Não devemos ocultar as trevas.
Mas temos o dever de mostrar as luzes que brilham no fim do túnel.
A boa notícia também é informação.
E, além disso, é uma resposta ética e editorial aos que pretendem fazer do jornalismo um refém da cultura da violência."
Jean Carlo Ianoski
5 comentários:
Bom dia, vi a reportagem de voces no jornal e na tv, meu pai foi vitima de um homicidio, no dia 11/08 na Avenida Presidente Kennedy, e gostaria de saber como posso entrar em contato com voces, achei a atitude de voces excelente e admiro muito o trabalho de voces, se puderem entrar em contto eu ficaria muito feliz.
Muito obrigado.
Cecilia Muller
ops, esqueci de deixar meu contato: ceciliamuller2@gmail.com
Parabéns pela ação contra a violência,eu que sou curitibano e estou a 3 anos fora da minha cidade,. não tinha o parecer de tantas mortes.
Vejo esta ação como aguelas ações de Guerrilha q nós Publicitario usamos para chamar a atenção, porém para vender um produto, esta ação vende a idéia de que não devemos ficar parados e ver os corpos cairem...
Me interessa também ser uma instenção deste projeto aqui em Blumenau, cidade pacata, mas sempre esconde a questão da violência, afinal de contas o turista em primeiro lugar
agraços e parabéns
Leandro Destro
www.twintter.com/destro
OBS: escutei vcs hoje no 91 min. da 91 radio news.
O simples relato do jornalista Jean Ianoski e de todos os que se manifestam quanto ao assunto, já é um saldo extremamente positivo da ação de vocês.
Refletir gera revolução. Preguiça mental pode ser pior do que falta de atitude.
Parabéns Bianca e Julian
Esse Jean não pode ser levado em considerações pelos comentarios postados, pois os fatos em que ele ressalta não condiz com a realidade, porém facilmente, pode-se verificar nos Juizados Criminais das Comarcas de Curitiba, Cascavel, entre outros, do estado do Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso, e Paraná, que existem divirgencias que diflamam este, pela sua atitude.
Finalizando, o JEAN é um criminoso!
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