sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Acostumados
com os tiros

Quando tiros de 38 viram música de ninar

Com certeza os amigos da classe média e alta, moradores do centro, batel, água verde, jardim social, champagnat e ecovile, não devem entender o título deste post. E nem poderiam, pois poucas vezes devem ter ouvido um barulho de tiro.

Já na vida dos moradores da CIC, Pinheirinho, Ganchinho, Umbará, Tatuquara, Cajuru, Tanguá e região metropolitana de Curitiba, o título "Acostumados com os tiros" faz todo sentido.
Os moradores da Vila Monteiro Lobato, no Tatuquara, por exemplo, não se assustaram quando José Serafim Leite Júnior, 17 anos, foi morto a tiros ontem. Caído no mesmo local onde os disparos foram ouvidos, o corpo do adolescente foi encontrado somente horas depois, no início da manhã. Um dos moradores da vizinhança acordou com o barulho e viu alguns indivíduos correndo. Porém, quando a rua ficou silenciosa novamente, o homem voltou a dormir.
Esta tem sido a nossa atitude em relação à violência.
Nos chocamos com a notícia durante algumas horas, ou dias - nos casos dos crimes mais brutais como o da Ana Cláudia - e dormimos tranquilamente à noite, dentro de nossos condomínios fechados e cercas elétricas.
Quando vamos agir de fato? Quando acontecer algo a um conhecido, irmão, namorada ou mãe.
Aí, sairemos em passeata, pedindo a alguém (quem será? Deus?) que resolva esta situação.
Não vemos que ao nos acostumar com tiros, meninos fumadores de crack, assassinatos na periferia, assaltos no sinal, e mesmo um baseado "inocente", trazemos a violência um pouco mais para perto.

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