quarta-feira, 5 de setembro de 2007


Síndrome de Avestruz
Não querer enxergar o que acontece à nossa volta não nos afasta do perigo. Pelo contrário, só nos deixa mais vulneráveis.


A pintura relativa à morte da estudante Ana Claudia Caron foi coberta com tinta branca. Alguém não quis que as pessoas pudessem ver e saber o que aconteceu com essa moça. Ou não, talvez tenha sido apenas um morador injuriado com o fato de ter sua ruazinha pacata discriminada como violenta.
Seja como for, é importante deixar claro que essa pintura foi feita não para demarcar esse local como "perigoso". Não é uma espécie de código de segurança, área de risco, nem nada disso. É apenas uma marca, que apesar de não ser indelével, certamente durará mais tempo do que a memória das pessoas.
Esse é o único motivos dessa e das outras pinturas.
Nós não queremos denegrir vizinhanças, rotular ruas, estigmatizar esquinas... A própria violência não o faz, porque faríamos?
Mas, se a pintura foi coberta porque as pessoas não aguentavam passar por ali e confrontar-se, dia após dia, com o terror enfrentado por aquela estudante - coisa que eu acredito - então o problema é bem maior. As criancinhas de filme fazem isso, entram embaixo da cama e cobrem os olhem. Os avestruzes também fazem algo parecido, enterram a cabeça na areia na esperança de que o perigo desapareça. Mas ele não desaparece, continua ali, olhando para uma cabeça tapada e um traseiro apontado pra cima.

Um comentário:

Unknown disse...

Bela atitude. Parabens!